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Por que os atletas quebram, mesmo bem preparados?

Por que os atletas quebram, mesmo bem preparados?

Muitos já sonham (ou têm pesadelos) com o Ironman Brasil, outros encararão provas de longa distância ao longo do ano, e mais um bocado de triatletas que buscará estabelecer seus melhores tempos em diversas distâncias. Muitos desses atletas convivem com o fantasma de ter “quebrado” em suas provas alvo anteriormente, o que faz da próxima proca uma espécie de redenção. Mas, como evitar mais uma quebrada?

Ao longo do tempo, observando e conversando com os melhores atletas profissionais e amadores em todo o mundo, percebi que a evolução requer algo muito mais difícil do que planejar treinos em um cenário ideal de treinamento e de competição. Para poder ter uma prova consistente após uma quebrada forte, é necessário compreender o porquê de isso ter acontecido, o que implica deixar o orgulho de lado e reconhecer sua culpa no resultado.

Basicamente, existem 4 motivos pelo qual um triatleta quebra em uma prova:

1. Andar acima do ritmo que ele tem capacidade;

2. Alimentação inadequada, o que o leva a andar acima do ritmo que ele tem capacidade naquele momento;

3. Condições climáticas severas, o que o leva a andar acima do ritmo que ele tem capacidade naquele momento;

4. Problemas estomacais e de saúde aleatórios.

Não coloquei na lista a falta de treino adequado, pois o pressuposto é que o atleta esteja treinado para fazer uma determinada prova. Com exceção de problemas de saúde aleatórios, como resfriados e diarreias, todos os demais fatores dependem, intrinsecamente, do ritmo do atleta na competição, o que é especialmente importante em provas longas.

Certa vez, um renomado ex-atleta e treinador me disse: “O que quebra não é o volume, é a intensidade.” Isso fica claro quando vemos atletas acima do peso completando um Ironman na casa das 15 horas, mas em ótimo estado físico e um semblante excelente. Esse tipo de atleta sabe que a distância não será o problema, desde que ele se mantenha na intensidade adequada. Trata-se de um atleta muito mais realista do que otimista.

Em contrapartida, há os atletas que são extremamente otimistas em relação a seu desempenho no dia de prova, e é aí que a coisa se complica. Vamos imaginar um exemplo envolvendo o motivo número 2 (alimentação inadequada): um atleta está treinado para pedalar no Ironman em torno das 5h e correr em torno das 3h30min, mas durante o ciclismo, ele deixa cair 1/3 de seus géis e não se alimenta corretamente. Provavelmente, esse atleta não conseguirá correr a maratona em 3h30min, mas se ele for otimista vai acreditar que sim. Isso faz com que ele mantenha um ritmo acima de sua capacidade naquela situação específica (embora ele esteja treinado para tanto). O resultado provável é mais uma quebradeira.




O mesmo raciocínio é válido para provas cujas condições climáticas se tornam severas. Se um atleta está treinando para pedalar um meio Ironman a 35km/h em condições normais de vento, ele não conseguirá manter essa velocidade caso esteja uma ventania forte no pedal. Se ele o fizer, provavelmente, estará sem gás para a corrida. Claro, aqui um medidor de potência ajudaria muito.

Há muitos fatores psicológicos que tornam difícil diminuir o ritmo no meio de uma competição. O orgulho é o principal deles. Alguns atletas se incomodam muito em ver sua média de velocidade caindo ou ver alguém o ultrapassando. A dura e crua verdade é que as provas longas são totalmente individuais, e o que interessa mesmo é o SEU RITMO. Quantas e quantas vezes já vi um atleta tentando acompanhar outro acima de seu ritmo (principalmente no ciclismo) e depois se arrastar na corrida (inclusive profissionais). Por outro lado, também já observei várias vezes um atleta se mantendo fiel a seu ritmo no pedal, sem se desesperar com outros atletas o ultrapassando, e recuperando dezenas (até mesmo centenas) de posições na corrida. Esse tipo de atleta conhece seus limites e entende que o Triathlon é “nadapedalacorre”, tudo junto e sem intervalos. No fim das contas, eles se sentem muito mais orgulhosos de si mesmos.

É no treinamento que você e seu técnico conheceram os limites do seu corpo. Também é no treino que o atleta deve ARRISCAR, não na prova. Uma melhora de desempenho não vem de um milagre no dia de prova, mas de treinos melhores dia após dia. Se você quer aumentar sua média no pedal em um Ironman, não o faça somente no dia da prova, trabalhe durante os cinco meses de preparação para o grande dia para conseguir isso sem comprometer seu desempenho no geral.

Não sei se você já sabe, mas a prova perfeita não existe. Todos os atletas têm problema, todos sofrem contratempos. O que dizer das câimbras de Craig Alexander quando ele bateu o recorde no Ironman do Havaí?! Com certeza, pra ele, a prova não foi perfeita, mas ele superou isso e lidou com as dificuldades. Outro dia, ouvi um amigo reclamando que “estava calor demais”, por isso quebrou e perdeu a vaga no pódio. Será que o calor era só para ele? Será que os que conquistaram pódios e vagas para o mundial estavam correndo com um ar condicionado portátil? Creio que não.

O resultado em uma competição de Triathlon é o resultado de dois fatores 100% dependentes do atleta: seu treinamento e sua atitude diante das dificuldades existentes no dia da competição. Se você quebrou antes e não quer repetir a dose, esqueça seu orgulho, apague as desculpas e responda com sinceridade a si mesmo: “Onde fui além das minhas capacidades?” “Como posso melhorar essas capacidades?” “Como posso me controlar melhor?” Seja realista e sua frustração será bem menor, ao passo que as alegrias só aumentarão.

Bons treinos!

(Rede Rg 71 Compartilhe essa energia)

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